Pelas ruas de Budapeste, caminham as várias versões de mim
4:56 PM
Eu não sei bem quando aconteceu, mas de repente como uma leve perturbação na consciência, eu me dei conta de que havia me perdido.
É difícil aceitar que talvez você não seja mais a mesma com que estava acostumada, e mais difícil ainda é tentar detectar se isso é bom ou ruim, principalmente porque o que na minha antiga versão era bom ou ruim, importante ou desimportante, pode ter sofrido inúmeras inversões de valores e já não ter o mesmo significado de antes. E agora, como saber se eu sou mesmo, ou se sou esse cara do lado? (muito fã de Dias de Truta sim).
O fato é que mudamos, não é mesmo? como seria possível acompanhar todas as multiplicidades do mundo caso não passássemos de uma massa em inércia e inalterável? Nós mudamos, afinal. Estamos em constante contato, em constante agitação, somos átomos gritantes e pulsantes que retiram do meio e também dão a ele, e esse não passa de um lampejo da Rafaela de agora, mas quem será capaz de dizer o que a Rafaela de depois terá a dizer?
Há uns quatro anos eu escrevia incessantes resenhas literárias para um blog literário, e de repente não escrevia mais, de repente eu falava sobre tudo, acompanhada de uma amiga, no Tô Bem, Tô Zen, e logo depois eu me debruçava sozinha sob o mesmo falando sobre mim, e bem, agora já não mais. Uma nova versão de mim ascendeu em algum momento entre o crepúsculo e o amanhecer, e aquele antigo lugar vestido em tons de rosa e cinza já não era suficiente para suprir os meus anseios e guardar pedaços de mim. E para além do mundo virtual eu realmente consigo sentir minhas várias versões se chocando, e eu não vou mentir, tenho medo pra caramba de onde suas intercalações irão me levar, medo das baixas e das pessoas e momentos que posso perder no caminho.
Mas a vida é assim, e essa sua mutualidade mesmo me dando medo, também me atrai de forma surpreendente. Tenho tido uma enorme curiosidade em desvendar o caminho, em me aceitar e me aventurar, caminhar por entre ensinamentos buda, pela música folk americana, ser levada a Budapeste pela vibração sonora de George Ezra cantando ao meu ouvido enquanto bebo um chá de erva cidreira.. Eu descobri que amo a interdisciplinaridade, eu sou inter e sou ligação, e essa foi a menor das descobertas da semana.
foto antiguinha que eu amo |
22 comentários
A M E I ! :)
ResponderExcluir<3 <3
ExcluirBlog lindo e cara, texto maravilhoso, amei, lindas palavras ...aaaa ainda tenho muito chão pra chegar até aqui viu, escrever e falar tão bem assim quanto tu? que escreveu lindamente, amei, muuto bonito mesmoooo
ResponderExcluirBjs
carca, que elogio! imagina, Fe, você arrasa demais na escrita!! muito obrigada por esse comentário lindo *-*
ExcluirProfundo e cheio de sinceridade. Amei! ♥ Escreve muito bem!
ResponderExcluirQue linda <3 Muito obrigada!!
ExcluirCreio que a vida seria muito chata sem estes processos de mudança, aproveite seu autoconhecimento amiga <3
ResponderExcluirRealmente, a vida seria bem sem gracinha mesmo! hahaha. Bom autoconhecimento para nós, miga <3
ExcluirGraças a Deus, mudamos sim não é? A capacidade de o ser humano evoluir esta sempre ligado as nossas experiencias, nossos convívios e nada mais normal que mudar de gosto, de vontade, de amores, amizades ... É natural, nada disso é ruim, e as pessoas a nossa volta vão mudando conosco, a vida vai mudando, a cidade, tudo. As vezes a gente tem medo até de deixar de saber quem nós somos, mas sempre podemos nos redescobrir, quantas vezes forem necessárias. Eu adorei o teu texto, deu gostinho de ler até o final ♥
ResponderExcluirhttp://www.leitecombiscoitos.com/
Que delicinha de comentário ♥ É isso aí mesmo, amém mutualidade!!
ExcluirQue delicinha esse texto!
ResponderExcluirMe fez pensar em você como borboleta recém saída do casulo. Não tava mais cabendo aonde estava e está encontrando outras formas :)
Yellow Ever Shine
Que interpretação mais fofaa, isso mesmo, Lari!!
ExcluirQue texto mais lindo ! É importante que a gente respeite esses momentos, e entenda que não vale a pena forçar se não nos sentimos bem com algo, ter essa consciência faz com que a gente consiga entender quem somos em noss espectro mais íntimo. o que realmente faz com que a gente amadureça, não cabe a nós qualificar o nosso antigo eu, mas sim entender as necessidades de quem somos agora.
ResponderExcluir♥
Que lindo digo eu, foi isso mesmo que eu quis expor no texto!
ExcluirAaah, que texto mais lindo. E como me identifiquei! Tb mudei tanto com o tempo, e as vezes sinto medo tb de onde isso tudo vai me levar. Acho que a gente precisa nessas horas parar pra refletir e se encontrar.
ResponderExcluirMuito bom compartilhar com vc os mesmos sentimentos
Bjs
Fico feliz que você tenha se identificado, Pri <3 <3
ExcluirAdorei Rafa! Se fossemos imutáveis seriamos seres muito chatos (e fadados sempre aos mesmos erros, pré-conceitos e mimizices, haha).
ResponderExcluirBeijos
Isso mesmo, Grazy, ainda bem que somos detentos da faculdade de mudança, não é mesmo?
ExcluirOi, seu blog é tão lindo e você escreve tão bem, estou apaixonada no texto <3 Ainda bem que a gente muda <3 Muda e depois floresce.
ResponderExcluirCharme-se
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue texto lindo! Amei mesmo! ♥
ResponderExcluirObrigada, meu bem <3
ExcluirObrigada pela visita, seu comentário me deixa muitíssimo feliz <3